Estamos num contexto histórico em que se privilegiam o
imediatismo, o momentâneo, o dado imediato. Incentiva-se, em nome da
espontaneidade, aquilo que você pensa no momento, o querer agora, o pensar
livre. Com isto se insere uma cultura do fácil, do “por si”, do grátis.
Inclusive surge uma expressão difundida como se fosse uma verdade: “aprender
brincando”. Por outro lado, consta-se que os que realmente conseguem algo de
valioso são os que se dedicam com afinco, que queimam horas, dias e anos de
energias. Os melhores nos vestibulares são os que se propõem e cumprem uma
disciplina nos estudos, intercalados com descanso e lazer. Nas pesquisas
científicas são aqueles que se dedicam anos e anos na observação rigorosa e nos
estudos acadêmicos. Nos concurso os selecionados são aqueles que sacrificaram
muitos momentos que outros aproveitaram para se divertirem. Temos, então, um
confronto entre os que deixam a vida rolar e os que dão duro para encará-la. Em
outras palavras, entre os que se impõem uma disciplina, e como conseqüência uma
organização, e os que respondem às demandas que surgem ao acaso e como
resultado não têm nada previsto ou organizado.
O resultado destas duas maneiras de pensar, agir e sentir
todos a conhecem: a disciplina conduz, num primeiro momento, a dificuldades e,
em longo prazo, ao sucesso, enquanto que o imediatismo, ao contrário,
momentaneamente proporciona bem estar, mas em longo prazo, insatisfação e
frustração. Quantas pessoas nós conhecemos que dizem: por que não estudei? Por
que não me esforcei? Por que preferi um emprego em vez da sala de aula? Ao
contrário, não se ouve arrependimentos de quem preferiu o esforço e tenacidade,
à vida fácil e ao lazer. Sei que Bill Gates abandonou a faculdade, mas não foi
para o lazer e sim para a pesquisa. Neste caso preferiu a uma vida de maior
disciplina do que a vida acadêmica oferecia.
Mas como chegar à disciplina e organização? Existem
medidas externas e internas. As primeiras dizem respeito ao nosso corpo.
Significa ter horas certas para as refeições, asseio, trabalho, lazer e
descanso. O corpo precisa criar hábitos que pouco a pouco facilitará a própria
vida e automaticamente cumprirá sem necessidade de esforço.
Do externo, corpo, parte-se para o interior, a mente. Há
necessidade de se aprender a concentrar-se, inclusive fixar-se. A dispersão
dissipa as energias. É preciso policiar a mente para que ela não divague fora
do foco, o objeto.
O segundo quesito da interioridade é o ritmo e a ordem.
Afastar a idéia de querer tudo de uma vez, É preciso seguir o fluxo natural. Há
o tempo de plantação, de crescimento e só depois a maturação e colheita. Querer
saltar ciclos, queimar etapas significa necessariamente fracasso.
O seguinte passo é ter a coragem para transpor o ciclo
posterior, isto é, não querer acomodar- se naquilo que alcançou. Assim como não
se pode saltar etapas, também não se pode estacionar numa delas. Ser aluno até
pode ser prazeroso, mas é preciso passar para o patamar do profissional.
A etapa adiante é congregar em torno de si outras pessoas.
É ser um polo que imanta outras pessoas. Se até então foi um discípulo agora é
a vez de ser mestre. Ter a coragem de assumir a liderança.
Na sequência, é não permanecer naquilo que aprendeu, mas
criar algo novo, avançar, progredir. E nisso vai risco, mas é preciso assumi-lo
se quisermos melhorar. A mesmice enfastia e embrutece. Nós não somos movidos
pelo instinto e sim pela razão. As casas do João-de-Barro são sempre iguais em
todos os tempos e lugares. As dos homens todas diferentes.
Criado este ambiente o ser humano está apto a
comprazer-se na liberdade. Este é o estágio supremo: ser livre na disciplina e
ordem.
Um artigo que contribui para reflexão e crescimento.
ResponderExcluirÓtimo.
João Pedro.
Beleza de artigo. Bom demais, uma leitura agradável para refletir e aplicar em nossas vidas.
ResponderExcluirGilso Pereira.
Também gostei demais.
ResponderExcluirUma beleza de artigo.
Lucia Neves