O caráter não é formado por
ações isoladas, mas por hábitos. Caráter, portanto, é um conjunto de hábitos,
quer positivos ou negativos. O que seria, então, hábito? Hábito é um modo de
pensar, sentir ou reagir aprendido pela repetição. Qualquer ato repetido
torna-se um hábito que juntamente com os pensamentos e sentimentos que o
acompanham, forma o caráter. Portanto, a repetição forma o hábito que, por sua
vez, forma o caráter.
Durante o primeiro ano de vida, o ser humano aprende 50% de tudo
que virá a aprender na vida e, no segundo ano, aprende mais 25%. Ou
seja, nos dois primeiros anos de
vida, o ser humano aprende 75% de tudo que um dia virá a aprender.
Obviamente, parte desse aprendizado envolve aspectos motores e físicos como
sentar, andar, mastigar, falar, etc., mas também aspectos de ordem emocional,
intelectual e espiritual. Assim, ao terceiro ano de vida, grande parte do caráter já está
formado e aos sete anos está concluído.
Nessa fase inicial de
desenvolvimento de grande parte do caráter, hábitos são formados, que, por sua
vez, formarão o caráter do futuro adulto. Tais hábitos são aprendidos através
do que alguns educadores costumam chamar de princípio “m
acaco vê, macaco faz”.
Princípio "macaco
vê, macaco faz" 
Em geral, uma das principais
atrações de um zoológico são os macacos.
Eles são muito engraçados e as
crianças se divertem com eles. Os macacos geralmente gostam de imitar os espectadores.
Se há alguém comendo, eles querem comer. Se uma criança começa a pular, lá
começam eles a pular também. Se alguém grita, os macacos fazem o mesmo. Eles
gostam de brincar de imitar e por isso são tão divertidos! Os macacos não
imitam apenas humanos, mas também uns aos outros. Ao observar e imitar os
macacos mais velhos, os mais jovens aprendem o que comer, onde buscar alimento,
a respeitar a hierarquia do grupo, quando ser dominante, quando ser submisso e
assim por diante.
Os
macacos, porém, não são os únicos que aprendem através da observação e imitação. As crianças também fazem o mesmo! Ao
observar e imitar repetidas vezes atitudes e reações dos que as circundam,
hábitos são formados. As reações observadas no primeiro ano nem
sempre se refletem imediatamente, mas provavelmente serão reproduzidas no
segundo e terceiro ano de vida. Esse princípio nos leva a uma pergunta de
extrema importância:
O que os nossos filhos
estão observando? 
O
que nossos filhos estão observando diariamente no ambiente familiar, no
ambiente escolar, incluindo o que assistem na televisão e as músicas que ouvem? Nessa fase tão importante, a
criança ainda não possui um "filtro" para ajudá-la a discernir entre
o certo e o errado, pois ainda está aprendendo o que é bom e o que é ruim. Ao assistir um desenho violento, por
exemplo, ela ainda não entende completamente que aquilo é errado e que não deve
ser imitado. Assim, nós pais temos a responsabilidade de ser o
"filtro" de nossos filhos e oferecer o que há de melhor para que,
através da observação, eles venham a imitar o que é bom.
Deus, que é infinito em sabedoria, há
muito tempo já nos ensinou esse princípio através das palavras inspiradas do
sábio rei Salomão registradas na Bíblia:
"Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer
não se desviará dele" (Prov. 22:6).
Formando hábitos
positivos
Hábitos positivos formam um caráter positivo, o que deve ser o objetivo da educação de todo lar cristão. Entre os vários atributos que compõem um caráter positivo, destaco aqui apenas seis:
1- Amor e carinho:
Sem dúvida, todo pai deseja que seu
filho seja amoroso e carinhoso, afinal, esses são atributos importantes para um
caráter positivo. Afim de desenvolver tais características na mente em formação
de nossos filhos, é essencial considerar alguns aspectos do ambiente
familiar:
O que a criança
tem observado no relacionamento dos pais? Como é o relacionamento entre
os membros da família? Há brigas, xingamentos, reprovações e
agressividade ou possessividade e impossições? Os pais costumam brigar
na frente dos filhos? Demonstram irritação e impaciência com o choro da
criança? Perdem a paciência e proferem palavras duras? A criança
ouve os pais criticarem um ao outro na ausência de um deles? Ou há um
ambiente amável, cortês e carinhoso no lar onde os pais são vistos se abraçando
com frequência e trocando palavras de apreço? Para
ensinar amor e carinho, é preciso oferecer um ambiente familiar amoroso e
carinhoso.
Além do ambiente de amor e carinho,
outra forma muito eficaz de conquistar o coração dos filhos é dedicar tempo para eles,
especialmente para brincar. Brinquedos caros logo são esquecidos, mas a
lembrança de ter a família unida para brincar é algo que não se esquece.
Ao dedicar tempo para os filhos, transmitimos a mensagem de que os amamos e nos
importamos com sua felicidade. Perder a paciência e ânimo depois de
um dia estressante de trabalho é muito comum, mas não precisa ser assim, se
buscarmos a ajuda de Deus para mantermos sempre um espírito calmo, paciente e
amoroso mesmo em meio ao cansaço e às preocupações.
2- Confiança:
Para
termos filhos dignos de confiança, precisamos ser pais
dignos de confiança. Como, porém, ensinar algo
tão abstrato para alguém que ainda não compreende as palavras ou está começando
a falar? Lições
de confiança ou desconfiança são uma das primeiras lições prendidas pela
criança, mesmo sem entender palavras. A criança
aprende a confiar nos pais quando eles atendem às suas necessidades prontamente.
Mas as necessidades,
não as manias, birras e vontades impróprias.
Como
entender, então, o que a criança está precisando? Geralmente o fazemos excluindo
possibilidades.
Verificamos a fralda, tentamos dar comida, fazemos dormir, damos remédio para
cólica e muitas vezes não temos sucesso. Acabamos dando comida quando o bebê
está com sono, fazendo dormir quando o bebê quer brincar e assim por diante.
Com isso, geramos um sentimento de
frustração nos filhos, que se repetido, formará o hábito da desconfiança nos
pais e insegurança, transmitindo-lhes a mensagem: "Meus pais não são
capazes de oferecer o que eu preciso."
Ao implantar e
seguir uma rotina em casa, os pais têm mais facilidade de decifrar a
necessidade da criança, ajudando-a a sentir-se segura e confiante.
Assim,
reflitamos: Há em nosso lar um horário determinado para as refeições? Para
brincar em família? Para dormir? Para ler
uma história? As crianças, especialmente os bebês, sentem-se seguras em
um lar previsível.
Gostam de seguir uma rotina, desenvolvendo assim o hábito de confiar nos pais.
Ao seguir uma rotina, há maior rapidez em decifrar o motivo do choro do bebê,
por exemplo, pois ao olhar no relógio é possível saber o provável motivo da
irritação.
Mas cuidado, com a interferência e
até imposições de outros familiares incluindo os mais velho que se acham donos
da 'experiência' e nem sempre cumprem seu papel de deixar aos pais a
responsabilidade de ser pais.
Além da rotina, crianças maiores, que
já entendem palavras e se expressam verbalmente, aprendem a confiar e a serem
dignas de confiança quando os pais cumprem o que
prometem e procuram sempre falar a verdade.
Em um relacionamento digno de confiança entre pais e filhos não cabe, por
exemplo, ameaças por parte dos pais de que a polícia, o "homem do
saco" ou o "bicho papão" aparecerão se fizerem algo errado. Ao cumprirmos promessas feitas e falarmos sempre a
verdade, nossos filhos aprendem que podem confiar em nós e pelo nosso exemplo
se tornam pessoas dignas de confiança.
3- Respeito:
Como
é a disciplina no lar? Os pais são autoritários demais reprovando, muitas
vezes com agressividade, tudo que a criança faz? Exigem obediência pela
força? Ou são complacentes demais, deixando a criança fazer tudo que quer
sem restrição? O "não" que dizem significa "não" mesmo
ou muitas vezes voltam atrás na ordem dada? Para ensinar respeito à
autoridade dos pais e mais velhos, é preciso haver uma disciplina equilibrada, o que é possível somente através da
ajuda e da orientação de Deus.
Quando os pais são autoritários demais a criança inconscientemente
entende que não é amada. Por outro lado, quando
são liberais demais, a criança entende que ninguém se importa com o
que faz.
Quando o "não" ou o "sim" dos pais
não se cumprem, a criança entende que a palavra dos pais não tem valor, o que é
muito grave. Tais mensagens inconscientes aprendidas
através da repetição de uma disciplina desequilibrada acabarão formando o
hábito do desrespeito pela autoridade por parte do futuro adulto.
4- Coo
peração: 
Ensinar a criança a
cooperar nos deveres domésticos é ensiná-la a ser responsável e útil para a sociedade. Ao permitir que o filho participe das tarefas
domésticas o ensinamos a gostar de ajudar e trabalhar em equipe.
As crianças naturalmente têm desejo de imitar o que os pais fazem em casa.
Querem lavar a louça, varrer o chão, lavar o carro e assim por diante, mas os
pais em geral não gostam que os filhos participem dessas atividades, pois sentem que se fizerem sozinhos concluirão a
tarefa mais rápido. A tarefa poderá ser concluída mais rápido, mas perderemos
uma oportunidade de ouro de ensinar preciosas lições de cooperação e utilidade.
Permitamos que eles nos ajudem, mesmo que levemos mais tempo do que o previsto.
Selecionemos atividades adequadas para cada faixa etária e ensinemos os
nossos filhos a ter prazer em ajudar. Ajudar nas tarefas domésticas não é o mesmo
que trabalho infantil. Ao cooperar em casa, os filhos aprendem que
a família é uma equipe que precisa trabalhar em união.
5-
Zelo pela saúde: 
Zelar
pela saúde é um atributo de caráter muito importante, especialmente tendo em
vista que a saúde é um dom de Deus e que o nosso corpo é o templo do Seu
Espírito. Em geral, os filhos aprendem a gostar e
apreciar aquilo que os pais gostam de comer. A
reação deles diante de um novo alimento reflete na grande maioria das vezes a
reação que observam nos pais. Filhos pequenos não estão preparados para escolher o que
comer, pois ainda não sabem o que é melhor para eles. O
"filtro" ainda não está formado para saber o que selecionar e o que
rejeitar.
Não é preciso ser especialista na
área para saber o que é bom ou ruim para a saúde. No fundo, nós adultos sabemos
que alimentos enlatados, embalados, artificiais, gordurosos e açucarados não
fazem bem para a saúde.
É tarefa dos pais
selecionar o que há de melhor para a saúde dos filhos e ajudá-los a gostar
através de seu exemplo.
Se os pais não desenvolveram o
hábito de zelar pela saúde, nunca é tarde para mudar afim de não correr o risco
de desenvolver nos filhos esse mau hábito.
6-
Amor a Deus:
Sem
Deus, nossos esforços para educar nossos filhos no caminho correto não serão
bem-sucedidos. É
Ele que nos ajuda, que nos orienta e promove a harmonia no lar. Com Ele ao
nosso lado, é possível desenvolver hábitos positivos em nossos filhos, pois Ele
é o único capaz de transformar o coração. Como ensinar, então, nossos filhos a amar a Deus?
Não basta
professarmos amor a Deus, precisamos demonstrar isso através de nosso exemplo.
Reflitamos: Há o costume em nosso lar de agradecer a
Deus pelo alimento, pela proteção e outras bênçãos recebidas? Temos
nos esforçado por ensinar nossos filhos através de nosso exemplo a buscar a
Deus em oração e entregar-Lhe todos os pesares, dificuldades e tristezas? Temos
o costume de louvar a Deus e procurar entender e praticar a Sua vontade para a
nossa vida? Temos buscado implantar em nosso lar o hábito de buscar a Deus em
família?
A tarefa de reunir a família para ler o
Evangelho e falar com Deus é do pai, que segundo a Palavra de Deus,
recebe a função de sacerdote do lar. O pai é o responsável por
ensinar e exemplificar a Palavra de Deus através de sua conduta. Já
a mãe recebe a missão de ser a missionária do lar. Ela trabalha em prol do bem-estar
físico e espiritual da família, atendendo suas necessidades e ensinando o
cristianismo prático através de seu exemplo.
Desde bem
pequeninos os filhos podem participar desse momento, que deve ser adaptado à
sua faixa etária.
Nesse momento, os filhos têm a oportunidade de observar os pais buscando forças
em Deus para educá-los e promover a felicidade do lar (para conhecer alguns
exemplos de como pode ser realizado esse momento, Buscar
a Deus em família é uma das melhores maneiras de ensinar os filhos a amar e
respeitar a Deus. Que Deus nos ajude e abençoe os nossos
esforços ao buscarmos desenvolver em nossos filhos um caráter digno de Sua
aprovação.
O conteúdo desse artigo está baseado na literatura que pode
ser acessada em:
Nenhum comentário:
Postar um comentário