-“Somos a
última geração de filhos que obedeceram a seus pais e a primeira geração de
pais que obedecem a seus filhos. Os últimos que tivemos medo dos pais e os
primeiros que tememos os filhos. Os últimos que cresceram sob o mando dos pais
e os primeiros que vivem sob o jugo dos filhos. E o que é pior, os últimos que
respeitamos nossos pais e os primeiros que aceitamos que nossos filhos nos
faltem com o respeito.”
Quando sou
convidado para falar do programa do Amor-Exigente nos encontros organizados por
escolas ou igrejas para pais, invariavelmente tenho começado com a frase acima.
Noto, ao
terminar a frase, um certo desconforto entre os participantes. Para os mais
vividos, pais acima dos 50 anos e avós, aquele ar de confirmação. Para os pais
mais novos há um misto de tristeza e apreensão.
E continuo:
-“Antes se consideravam bons pais, aqueles cujos filhos se
comportavam bem, obedeciam as suas ordens e os tratavam com o devido respeito.
E bons filhos, as crianças que eram formais e veneravam seus pais. Mas, na
medida em que as fronteiras hierárquicas entre nós e nossos filhos foram-se
desvanecendo, hoje, os bons pais são aqueles que conseguem que seus filhos os
amem, e, ainda que pouco, os respeitem. E são os filhos que, agora, esperam
respeito de seus pais, pretendendo de tal maneira que respeitem as suas ideias,
seus gostos, suas preferências e sua forma de agir e viver. Quer dizer, os
papéis se inverteram, e agora são os pais que têm de agradar a seus filhos para
ganhá-los e não o inverso, como no passado.Isto explica o esforço que fazem
hoje tantos pais e mães para serem os melhores amigos e "tudo dar" a
seus filhos.
O que mudou
nas relações familiares?
Porque os
pais sentem-se perdidos e não conseguem mais educar os seus filhos repassando
esta tarefa para os professores?
Será que
precisamos reinventar a família?
Será, será,
será.....
Diante de
tantas dúvidas, preocupações, medos e culpas, o que precisamos mesmo e de
momentos para a reflexão e analise sobre como está o nosso comportamento
pessoal, familiar e profissional.
E o programa
do Amor-Exigente, nas reuniões semanais de apenas duas horas, através dos seus
doze princípios, nos propõe esta reflexão e um olhar primeiro para nós mesmos,
depois, para a nossa casa e para a sociedade.
A ideia de
que a paternidade nos transforma em super-heróis é totalmente falsa, uma vez
que nos coloca numa situação em que precisamos extrapolar os nossos limites
físicos, financeiros e, principalmente, emocionais.
Aos poucos
vamos perdendo a noção de que pais também são gente e que temos os nossos
sonhos e desejos e que não podemos viver apenas para a satisfação dos sonhos e
desejos dos nossos filhos.
Porém é preciso
que tenhamos um olhar mais atento e cuidadoso para a nossa casa, nossa família
e nossos filhos.
Muito do que
os filhos serão no futuro, está diretamente ligada à forma como foram educados
dentro do lar e o quanto este lar foi verdadeiramente uma família.
É preciso ter
em mente que falar em educação é falar de limites, assim como, falar de família
é falar de afeto.
Limites não
tem nada a ver com imposição de castigo ou punição. E isto é importante deixar
bem claro.
O castigo
está diretamente ligado à paciência e humor de quem esteja querendo aplicar o
“corretivo”. Sendo assim, a forma como será aplicada esta “correção” é muito
relativo. Portanto, tende muito mais a deseducar a criança.
O que é ruim
pode piorar. Ao aplicar o castigo e ver que “passou da conta”, normalmente bate
um arrependimento e um sentimento de culpa, fazendo com que haja o desejo de se
redimir. Ai vai haver uma condescendência justamente naquilo que se pretendia
corrigir.
E ao olharmos
com atenção para o retrato do que tem sido a família neste momento vamos
perceber que a maioria dos problemas na relação entre pais e filhos, está
relacionada à disputa e conflito de poder.
Os filhos
testam a todo instante os limites dos seus pais. Ai, os pais ficam num grande
dilema em saber até onde ir sem ser autoritário e até onde deixar de ir sem ser
permissivo.
Este
equilíbrio buscado a todo instante, será possível a partir de exemplos
vivenciados entre o casal, que servirá de alicerce na educação do filho.
O exemplo
demonstrará que as regras são para todos e não somente para o filho.
Jamais
esquecer que os defeitos dos nossos filhos são filhos dos nossos defeitos.
E uma dica
de como lidar com crianças e que gosto
muito de salientar nos bate-papos com os pais, é o que Içami Tiba escreve no
seu livro “Quem Ama Educa”:
Para o Atendimento
Integral a uma criança, são cinco os passos a serem seguidos:
1) PARAR – Parar o que estiver fazendo ou pensando e dar
atenção total à criança. Caso não possa parar naquele exato momento, vale
colocar uma das mãos no ombro da criança enquanto diz que logo vai atendê-la. A
criança deve ficar esperando ali, juntinho de você. É fundamental deixar de
lado ideias preconcebidas sobre o que a criança vai falar.
2) OUVIR – É a parte racional. Os pais devem olhar no fundo
dos olhos da criança, como se a ouvissem com os olhos. A criança precisa
aprender a se expressar. Não se deve tentar adivinhar o que ela quer. Quando
pede alguma coisa, ela está desenvolvendo sua capacidade de pensar, de formular
uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam compreendê-la.
3) OLHAR – É a parte instintiva. Tudo o que se percebe
visualmente também tem de ser considerado para compreender a criança.
4) PENSAR – Todos os elementos percebidos, tanto visualmente
quanto verbalmente, mais o sentido educativo que se queira imprimir na formação
da criança, devem fazer farte da resposta a ser dada. Sentido educativo é o
objetivo a ser atendido com a educação que está sendo dada.
5) AGIR – Essa ação ou resposta deve ser bem clara e
objetiva, saciando o desejo e a necessidade da criança, e estimulando a
autonomia e a autoestima.
Gente, filhos
são dádiva de Deus. Jamais serão desgraças ou problemas que atrapalham o nosso
convívio familiar.
No ultimo
encontro realizado com pais, que foi uma entrega de boletins na escola, como
tinha uma quantidade muito grande de filhos que os acompanhavam, resolvi fazer
algo inusitado. Chamei todos os filhos à frente e falei para os pais:
-“Pai e Mãe peço que neste momento olhe para o seu filho.
Lembra quando ele nasceu? Lembra quando você o tomou em seus braços pela
primeira vez? Lembra quando ele começou a caminhar? Lembra da primeira vez que
ele disse Mamãe e Papai? Lembra quando você o deixou no primeiro dia de escola?
Você percebeu o quanto ele cresceu? Lembra quantas vezes você disse que o
amava? Hoje ele veio até aqui com você Pai e Mãe. O que vocês conversaram até
chegar na escola? Como será a conversa depois de pegar o boletim?. Agora para
aqueles casais que aqui estão, gostaria que o Pai e Mãe dessem as mãos. Está
sentido o calor da mão da sua esposa e a esposa está sentido o calor da mão do
marido? Lembra quando vocês pensaram em ter um filho? Hoje ele está aqui. Olhe
para ele. Veja o quanto ele é parecido com você pai e mãe.
-Agora você filho olhe para a sua Mãe e seu Pai. Ou só para
a sua Mãe ou só para o seu Pai. Quanto tempo faz que você não olha para eles,
ou para ele ou ela, e viu que ele ou ela mudaram? Quanto tempo faz que você não
conversa com ele ou com ela? Qual foi a ultima vez que você o beijou? Quando
foi a ultima vez que vocês sentaram como uma família? Quando foi a ultima vez
que você pediu ajuda para eles? Quando foi a ultima vez que você disse que os
amava muito?
-Agora peço a vocês filhos que voltem para perto dos seus
pais e deem um abraço neles.
Foi um
momento gratificante onde a emoção tomou conta de todos e as lagrimas foram
apenas a confirmação do quanto Deus nos ama e quer que sejamos uma família
feliz onde o amor esteja presente e seja o alicerce para nos sustentar nas
adversidades.
Um grande
abraço a todos e que a paz esteja presente em cada coração que ler este texto.
Sérgio Carlos de
Oliveira – Serginho
Coordenados Regional
do Amor-Exigente em Santa Catarina

Beleza de artigo. Todos os princípios escritos e analisados.
ResponderExcluirParabéns um belo presente de final de semana.
Obrigado. Jussara Santos.