1ª JORNADA REGIONAL DE PREVENÇÃO AO USO DE DROGAS – SANTA
MARIA - 2015
TEXTO
DE REFERÊNCIA
Reunidos
na 1ª Jornada Regional de Prevenção ao Uso de Drogas, no dia 11 de julho
de 2015, no Parque Medianeira - Santa Maria, cerca de 400 pessoas (passaram pelo evento ao
longo do dia) vindas de 14 cidades e
três Estados brasileiros, avaliamos com apreensão a complexa realidade
brasileira diante da disseminação crescente do uso de drogas, colocando em
risco os usuários, seus familiares e a inteira comunidade. Diante desse
fenômeno, analisamos algumas ações preventivas, as quais desejamos compartilhar.
O
fenômeno da drogadição não se limita só ao uso sistemático e
compulsivo de substâncias psicoativas, mas envolve o modelo de vida
autodestrutivo, na busca do prazer e do alívio das dores emocionais, ficando o
usuário completamente dominado por este uso, modificando a escala de valores, aniquilando
a auto estima, desencadeando a impotência diante das dificuldades, tornando o
organismo disfuncional, submetido aos efeitos contínuos da síndrome da
abstinência. Por isso, não basta só parar de usar drogas. É preciso avançar na
mudança do estilo de vida, desenvolver a sobriedade, restaurando os valores
éticos, morais e espirituais.
“A Dependência Química
é um estado de intoxicação periódica ou crônica, nociva ao indivíduo e à
sociedade, produzido pelo consumo abusivo repetido de drogas de origem naturais
ou sintéticas. Caracteriza-se pelo desejo incontrolável de consumir a droga e
de obtê-la a qualquer custo, mesmo desonesto! Além de não poder mais viver sem
ela, tem sempre que aumentar as doses, pois os efeitos prazerosos da droga
diminuem à medida que mais consome. É o desenvolvimento da Tolerância, que
acaba levando o indivíduo a um insuportável grau de intoxicação. (apostila do AMOR EXIGENTE, APAEx, Porto
Alegre, pg. 8)
Diante
desta realidade, nossa posição não é de condenação, de discriminação ou de
exclusão, mas de recuperação dos usuários, de apoio às famílias e de ajuda à
sociedade na busca de superação desta chaga. Muito se tem feito para diminuir esta
enfermidade, mas também muito se tem feito, legal ou ilegalmente, para a
proliferação deste mal. Estamos convictos que é preciso estancar, estreitar a
porta de entrada e intervir no tecido social através de medidas preventivas, de
recuperação e ressocialização. Não há uma única estratégia; precisamos unir
esforços da sociedade organizada, com a participação dos poderes públicos no combate
ao narcotráfico, na formação das consciências, nas práticas preventivas, etc.
De
todos os meios no combate à drogadição... “o
mais importante é a prevenção, que historicamente é objeto de menores
investimentos públicos. Nosso projeto trabalha a integração dos serviços de
atendimento ao usuário de drogas, prevendo o fortalecimento de ações educativas
na infância, acolhimento dos dependentes químicos, tratamento adequado e
reinserção social. É como um "plano de carreira" para recuperar a
dignidade das pessoas.” (Dr. Cesar Faccioli, Secretário da
Justiça e dos Direitos Humanos do Rio Grande do Sul)
Algumas
contribuições dos palestrantes e do plenário:
1. a
diminuição da qualidade de vida tem sido causa de uso de drogas, pois a droga
entra na vida quando a vida se torna uma droga;
2. a
dependência química é um fenômeno multifatorial, pois provoca alterações
neurológicas, emocionais, corporais, comportamentais e também espirituais.
3. A
estimativa é de que 7% da população brasileira é usuária das drogas ilícitas. Por
isso, legalizar o uso de drogas é aumentar o risco de que uma parcela ainda
maior da população passe a ser usuária e dependente.
4. Representantes de municípios vizinhos de Santa Maria também
se manifestaram, dizendo que, como estes municípios pequenos não tem uma fiscalização
eficiente por parte das autoridades policiais, os traficantes migram para lá e
interiorizam o uso e o tráfico da droga.
5. Uma
das causas da dependência é a dor interna que o usuário afirma ter. Por isso,
primeiro tirar a dor, cuidando da mente, do coração e da alma.
6. No
relato de uma experiência de trabalho como assistente social no atendimento a
adolescentes encaminhados pelo judiciário para cumprirem medidas
sócio-educativas, foi destacado a importância da prevenção e do papel da
família, salientando os limites que a família deve por na educação dos filhos.
7. Ao
contrário do que se apregoa, não é a
minoria dos jovens e da população que faz uso de drogas. Portanto, é mais
eficaz prevenir que remediar. A fragilidade das redes de atenção, a
inexistência de políticas públicas eficazes, entre outros fatores, são motivos
de nossa preocupação.
8. A
prevenção ao uso de drogas passa pelo resgate do papel amoroso da família, pelo
papel educativo da escola, pela função ética e espiritual da Igreja e pelo
fortalecimento dos serviços públicos voltados à prevenção.
Algumas estratégias
para evitar a drogadição:
a) A dissuasão
– Talvez seja um dos métodos mais difundidos, mas de eficácia duvidosa. Como
prevenção em determinadas faixas etárias, enfatizando as conseqüências do uso
das drogas, é mais eficiente do que castigos físicos.
b) A repressão
– Ação exercida pelas forças policiais no combate ao narcotráfico.
c) A pedagógica
– Atua de forma esclarecedora, mostrando cientificamente, os efeitos do uso de
drogas para a psique, para o corpo, nos comportamentos, com suas repercussões
familiares e sociais.
d) As implicações
jurídicas – Esclarecer sobre as leis relativas ao usuário, ao portador e ao
traficante de drogas ilícitas.
e) Os princípios
ético e morais – Mostrar a necessidades da vivência e da prática dos valores
que defendem e promovem a vida.
f) O acompanhamento
– Estar presente na vida dos jovens, participando de suas atividades,
conhecendo suas amizades, verificando suas diversões, trazendo o mundo deles para
o âmbito da convivência saudável entre todos.
g) A amizade
e o companheirismo – A amizade, o amor fraterno e familiar deve ser um
componente tão presente como o provimento das necessidades materiais.
h) A auto-estima
– A droga acaba com a beleza, a força, a coragem, a inteligência. Destrói tudo.
Buscar a auto-estima e valorizar a pessoa antes que a droga chegue como uma
espécie de fuga compensatória.
No
final da tarde, tivemos a participação de trinta e uma (31) pessoas,
provenientes de várias cidades, que passaram pelo “vale das sombras” da
drogadição, buscaram a recuperação nas comunidades terapêuticas e que estão
agora vivendo em sobriedade por muitas vinte e quatro (24) horas, isto é, só
por hoje experimentam a alegria de uma nova vida nestes últimos 5, 10, 18 , 22
anos. Estes são os homens e mulheres que defendem a prevenção, pois trazem na
carne e na alma as cicatrizes da dor e as tatuagens do sofrimento. Passaram a
acreditar que é possível viver sem drogas e tornaram-se testemunhas da
PREVENÇÃO.
ASSINAM:
Arquidiocese
de Santa Maria,
Regional
Centro do Amor Exigente - AE,
Regional
Centro dos Alcoólicos Anônimos - AA,
Núcleo
de Apoio e Ressocialização de Dependentes Químicos-NARDEM
Banco
da Esperança, Projeto Esperança/COOESPERANÇA
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