quarta-feira, 1 de março de 2017


Na tentativa de nos enquadrarmos aos padrões de uma sociedade consumista, somado ao desejo de dar aos nossos filhos tudo aquilo que não tivemos, fizeram com que nos esquecêssemos que possuímos recursos limitados.
         
          Com isso, gastamos mais do que ganhamos, comprando coisas que não precisamos, assumimos obrigações que não possuímos e nos endividamos. Apelamos para os cartões de crédito ou cheque especial e nos afundamos ainda mais e assim, estouramos todos os nossos limites financeiros. Somos pressionados a pagar o que devemos e na tentativa de cumprir com os compromissos, precisamos trabalhar mais, arrumar bicos nos horários vagos, fazer horas extras, trabalhar nos fins de semana e assim, extrapolamos nossos limites físicos. As pressões aumentam, o clima na casa torna-se insuportável, nossa saúde começa a ser afetada: a cabeça dói, o estômago dói. As preocupações não nos permitem dormir bem à noite. Somos afetados pela ansiedade e pelo estresse nos levam à compulsões. Por vezes, comemos demais, bebemos demais, fumamos demais, dormimos demais ou de menos e experimentamos o desespero. Como conseqüência, extrapolamos nossos limites emocionais e nos afundamos em antidepressivos.

Precisamos parar. É hora de revermos nossos conceitos e traçar metas para reorganizar nossa vida. É hora de aprendermos a dizer “não”, primeiro para nós mesmos: não, isso eu não preciso; não, isso eu não quero; não, isso eu não posso; não, isso eu não aceito. É hora de reavaliarmos o que de fato precisamos, evitando comprar por impulso, por pressões da moda ou da mídia. É hora de reavaliarmos nossos recursos e aprender a respeitá-los. É hora de transmitirmos ao outro, com clareza, que não somos um banco e nem máquinas. Somos apenas gente e não uma fonte inesgotável de recursos, disponíveis o tempo todo. É hora de aprendermos que não somos obrigados a tudo e possuímos o direito de também dizer não como resposta.

Caso não o façamos, continuaremos a viver mal, a gastar mal, a comprar sem nem saber para quê. Continuaremos a ser explorados, manipulados, cobrados, exigidos em coisas que não estão ao nosso alcance. Continuaremos acreditando que precisamos estar sempre disponíveis para socorrer a todos. Continuaremos sufocados e adoecidos. Precisamos de coragem e atitude para modificarmos esse processo doentio e retomar o equilíbrio na busca de um viver com melhor qualidade.

A partir do momento em que aprendemos a respeitar nossos próprios limites podemos tirar a fantasia do todo poderoso, que dá conta de tudo, podemos tirar a máscara do super herói que socorre a todos e reassumir nossa natureza humana, com posições claras que transmita ao outro que temos nossos limites e desejamos que eles sejam respeitados. Devemos nos posicionar de maneira que possamos barrar toda forma de pressão, de manipulação, de chantagem. Parar de sermos o alvo de pessoas que nos exploram, sem pena ou piedade, inclusive filhos folgados que sugam tudo o que podem, sem pudor e sem piedade, com o infantil discurso de que não pediram para nascer. 

Não devemos temer que o respeito aos nossos limites seja algo que vai nos barrar, nos paralisar, deixando-nos estagnados e muito menos devemos fazer dos nossos limites algo que nos leve a acomodação. Não é isso. Limites é, acima de tudo, proteção. Quando possuímos clareza de quais são os limites dos nossos recursos, podemos traçar metas para avançar sem nos arrebentarmos, podemos seguir em frente, crescer, melhorar, ir além, viver melhor e evoluir com equilíbrio e segurança

Texto de Celso Garrefa (AE de Sertãozinho SP)

2 comentários:

  1. Ótima orientação para nossos grupos. Valeu.
    Salete.

    ResponderExcluir
  2. Beleza de informação e explicação. Grato.

    ResponderExcluir