sábado, 8 de abril de 2017



Quando nos tornamos pais, não somos transformados em super-pessoas: continuamos a ser o que somos: apenas gente. Pessoas que erram, que acertam e seguem assim pela vida afora. Casamos ou não casamos, temos filhos, somos jovens pais, cheios de sonhos e esperança. Filhos são bênçãos para nós! Pequeninos, lindos, indefesos, precisam de tantos cuidados, de tanto amor. Para recebê-los, nos preparamos, lemos tudo que nos cai nas mãos e acreditamos que sabemos das coisas. Temos uma criança e já queremos outra. As mulheres, um tanto inadvertidamente, viram mães e vivem em função dos filhos o tempo todo. Num misto de deslumbramento e exaustão, vão se adaptando as novas condições. Por vezes perdem o controle, mas seguem em frente.

Entretanto, impensadamente, fazem e dão coisas de mais, de tal forma que chega uma hora em que, desanimadas e tristes, percebem que foram além de suas forças e passam a negar os pedidos. Os homens também se veem perdidos. Todos nós perdemos a consciência de nossa humanidade. Nossas crianças aprendem que damos um jeito em tudo, e esperam tudo de nós, cada dia exige mais. Muitas vezes nos sentimos frustrados com o tipo de vida que levamos. As instituições que nos apoiam tornaram-se insuficientes, e as que deveriam complementá-las não estão prontas. Também nos sentimos despreparados e sozinhos. Os homens, pais cansados, estressados, muitas vezes estão prontos para abrir mão do papel de provedor ou protetor da família; as mulheres, desvalorizados e sobrecarregas, cansam-se da desconsideração, do desrespeito por sua vida de trabalho pesado e sem reconhecimento. Ambos sentem vontade de sumir e abandonar o barco. Precisamos ter algum tempo para nós. Tempo para parar, conversar e até deixar que saiba quem somos. (Se ganharmos presentes que não usamos, é porque nossos filhos, marido ou esposas não sabem do que gostamos). Não nos conhecem e não conseguem intuir, (muito menos adivinhar nossos desejos). Se isso esta acontecendo, é porque não nos damos espaços, e esta na hora de rever algumas de nossas atitudes. Na Prevenção, pai, mãe, avós, micro ou macro família, precisa “ser um só” em relação à orientação e a educação dos filhos.

SEM ESQUECER-SE DE NOSSA CONDIÇÃO DE SERES HUMANOS. É falsa a expectativa de que, para sermos bons pais, precisamos ser capazes de tudo; o que nós, insanamente, acreditamos. Não é possível resolver todos os problemas, controlar ou, muitas vezes, salvar nossos filhos, pois, na realidade eles não nos pertencem e, mais cedo ou mais tarde, de um jeito ou de outro, irão embora. Somos humanos, somos apenas pais, não podemos resolver todos os problemas, não temos controle sobre a vida dos outros, não nos tornamos perfeitos quando nos tornamos pais. Somos gente. Não somos deuses, podemos errar. Para aplicação deste Principio, propomos que nos focalizemos em: “Somos o que somos e não o que parecemos ser; nem maiores nem menores aos olhos de Deus.”. - Como estamos diante de nós e de Deus? - Temos sido nós mesmos? - Respeitamos as pessoas e as consideramos, ensinando-as a se considerar e respeitar também? - Como avaliar e definir de que modo nos posicionamos e assumimos nosso papel? - O que fazer para crescermos no amor e no respeito aos outros? Umas, algumas ou todas essas perguntas devem ser propostas de nosso grupo de apoio, para que partilhemos e as pessoas se ajudem e, caso queiram, assumam novos comportamentos, propondo experimentá-los e vivê-los durante uma semana, para sentir os resultados. Como oito ou nove anos, nas férias longas de final de ano, fui para a fazenda de meus avós (só eu e eles). Era uma fazenda nova, longe de tudo, naquele tempo bem no meio do mato. Uma casa recém-construída, quase tudo por fazer, e o sentimento de grandiosidade, perigo, beleza era muito presente e muito excitante. Vovó e eu trabalhávamos, rezávamos, riamos e ouvíamos rádio. Vovó ia e vinha ajudando a encher nossos dias de expectativa e animação. Certa manhã costurava as cortinas de plásticos que iria proteger boxe do chuveiro e precisávamos terminá-las, pois o vovô iria chegar. Entretanto, o plástico escorregava, escapava e furava todo, até que propus “Vovó, vamos pôr uma tira de pano e dobrar outra vez” - acho que vai dar certo. E deu. Vovó parou um pouquinho o que estávamos fazendo e disse “venha comigo, minha filha”. Fomos ao jardim e, juntas, fizemos um lindo ramalhete de folhas e flores coloridas e, num gesto de puro amor e respeito por mim, ela o deu a mim, falando “você é uma menina muito inteligente, muito corajosa, muito capaz e tudo o que você quiser de verdade, vai conseguir” - não se esqueça disso. Pusemos o ramalhete num vasinho no meu quarto e sempre, em sua casa, no meu quarto, havia flores. Como me sentia gente com a minha vó! No transcorrer da minha vida a cada dificuldade, a cada desafio, suas palavras ressoam dentro de mim, fazendo-me acreditar que vou dar conta. A vovó sabia que eu era capaz disto, e ainda hoje e enche de confiança. Espero ter aprendido com ela a ser avó que ela foi. (Mara Silvia) Seria bom se olhássemos com mais atenção as pessoas ao nosso redor (nosso companheiro, companheira, filho, filha ou aquele o qual queremos e sabemos que temos que ajudar).

“Filho também é gente”, e sobre isso devemos pensar muitas vezes. Colocar-nos no lugar deles, “em seus sapatos” antes de julgá-los. Sermos sempre “juízes”, em lugar de pais, dificulta muito a organização familiar e nossa aproximação com eles. Outra coisa para pensar é que os ensinamentos que queremos transmitir podem parecer ultrapassados. O progresso da tecnologia em ritmo acelerado, a velocidade da informática, e dos recursos audiovisuais, às vezes criam obstáculos para nós, em nossa comunicação corriqueira, e para os nossos filhos na luta pela inserção profissional no mercado de trabalho. Essas coisas produzem dificuldade que geram medo e insegurança em relação ao futuro, tanto para os pais como para os filhos. Precisamos aprender a ouvir os questionamentos e aflições dos jovens em relação ao futuro, tanto para os pais como para os filhos. (O que é ser adulto? É estar seguro, sem medo, sem problema?) Veja o outro como gente, como alguém que você quer realmente ajudar e não como aquele que lhe deve alguma coisa. Escolha no grupo uma meta semanal que faça o outro sentir respeito por si mesmo. Não podemos nos esquecer de que vivemos um eterno drama: queremos ser super-heróis, queremos ser deuses, sem perceber, que podemos passar de pais-heróis a pais-otários. Ser um bom pai, uma boa mãe, é buscar, na verdade, errar menos. Uma proposta para trabalhar no grupo é que saímos de nós mesmo e de nosso círculo familiar e ajudemos alguém, lá fora se sentir gente. O que precisamos fazer para levar alguém a se sentir gente? Propomos que, no grupo de apoio, como criatividade, disponibilidade e amor, nos ajudemos a encontrar metas semanais que levem alguém a resgatar sua autoestima. Enfim, aceitarmo-nos tal como somos, ocuparmos nossos espaços, assumirmos nosso papel, especialmente, sermos pessoas plenas, cheias de dignidade e de respeito por nós mesmos e pelos outros, é a proposta do 2º principio. Na reunião, a partilha, precisa ser conduzida a partir de algumas perguntas referente ao princípio em questão. Por isso surgiremos:

1. Pra você, o que é ser gente?
2. Que tipo de pessoa você é?
3. Como se identifica nas mais diferentes situações?
4. Você tem sido autêntico (a) ou esta sempre meio que representando?
5. Lembra-se de alguma vez em que você se sentiu valorizado (a), sentiu-se gente?
6. Ou, ao contrario, lembra-se de alguma situação que não se sentiu gente?
7. Você conhece alguém que não soube ser gente?
8. Você acredita na importância de cuidar-se e respeitar-se para que o outro te respeite?
9. Você abre espaço “demais” para si e acaba sendo mais “gente” do que os outros?
10. Quando é que você pode levar o outro a se sentir gente de fato? De exemplos.
11. Fale um pouco sobre a sua auto estima: o que é auto estima?
12. Como fortalecê-la, em si mesmo?
13. E no outro, já ajudou alguém a resgatar a sua auto estima?
14. Você já pensou em desenvolver meios que facilitem a criatividade e a auto estima para membros da sua comunidade?
15. Gente erra, gente acerta. Como fazer dos erros alavanca para acertos e realização futura? Ser gente é ser filho, herdeiro do verdadeiro amor. Ser gente é não ser perfeito, mas desejar ser santo, errando, aprendendo, querendo acertar. É ter consciência de nossa humanidade. É entregar-se a Deus, para que Ele comande sua vida! Numa frase: “Este é o Principio que resgata nossa condição humana”.


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