Quando nos tornamos pais, não somos transformados em super-pessoas: continuamos a ser o que somos: apenas gente. Pessoas que erram, que acertam e seguem assim pela vida afora. Casamos ou não casamos, temos filhos, somos jovens pais, cheios de sonhos e esperança. Filhos são bênçãos para nós! Pequeninos, lindos, indefesos, precisam de tantos cuidados, de tanto amor. Para recebê-los, nos preparamos, lemos tudo que nos cai nas mãos e acreditamos que sabemos das coisas. Temos uma criança e já queremos outra. As mulheres, um tanto inadvertidamente, viram mães e vivem em função dos filhos o tempo todo. Num misto de deslumbramento e exaustão, vão se adaptando as novas condições. Por vezes perdem o controle, mas seguem em frente.
Entretanto, impensadamente, fazem e dão coisas de mais, de tal forma
que chega uma hora em que, desanimadas e tristes, percebem que foram além de
suas forças e passam a negar os pedidos. Os homens também se veem perdidos.
Todos nós perdemos a consciência de nossa humanidade. Nossas crianças aprendem
que damos um jeito em tudo, e esperam tudo de nós, cada dia exige mais. Muitas
vezes nos sentimos frustrados com o tipo de vida que levamos. As instituições
que nos apoiam tornaram-se insuficientes, e as que deveriam complementá-las não
estão prontas. Também nos sentimos despreparados e sozinhos. Os homens, pais cansados,
estressados, muitas vezes estão prontos para abrir mão do papel de provedor ou
protetor da família; as mulheres, desvalorizados e sobrecarregas, cansam-se da
desconsideração, do desrespeito por sua vida de trabalho pesado e sem
reconhecimento. Ambos sentem vontade de sumir e abandonar o barco. Precisamos
ter algum tempo para nós. Tempo para parar, conversar e até deixar que saiba
quem somos. (Se ganharmos presentes que não usamos, é porque nossos filhos,
marido ou esposas não sabem do que gostamos). Não nos conhecem e não conseguem
intuir, (muito menos adivinhar nossos desejos). Se isso esta acontecendo, é
porque não nos damos espaços, e esta na hora de rever algumas de nossas
atitudes. Na Prevenção, pai, mãe, avós, micro ou macro família, precisa “ser um
só” em relação à orientação e a educação dos filhos.
SEM ESQUECER-SE DE NOSSA
CONDIÇÃO DE SERES HUMANOS. É falsa a expectativa de que, para sermos bons pais,
precisamos ser capazes de tudo; o que nós, insanamente, acreditamos. Não é
possível resolver todos os problemas, controlar ou, muitas vezes, salvar nossos
filhos, pois, na realidade eles não nos pertencem e, mais cedo ou mais tarde,
de um jeito ou de outro, irão embora. Somos humanos, somos apenas pais, não
podemos resolver todos os problemas, não temos controle sobre a vida dos
outros, não nos tornamos perfeitos quando nos tornamos pais. Somos gente. Não
somos deuses, podemos errar. Para aplicação deste Principio, propomos que nos
focalizemos em: “Somos o que somos e não o que parecemos ser; nem maiores nem
menores aos olhos de Deus.”. - Como estamos diante de nós e de Deus? - Temos
sido nós mesmos? - Respeitamos as pessoas e as consideramos, ensinando-as a se
considerar e respeitar também? - Como avaliar e definir de que modo nos
posicionamos e assumimos nosso papel? - O que fazer para crescermos no amor e
no respeito aos outros? Umas, algumas ou todas essas perguntas devem ser
propostas de nosso grupo de apoio, para que partilhemos e as pessoas se ajudem
e, caso queiram, assumam novos comportamentos, propondo experimentá-los e
vivê-los durante uma semana, para sentir os resultados. Como oito ou nove anos,
nas férias longas de final de ano, fui para a fazenda de meus avós (só eu e
eles). Era uma fazenda nova, longe de tudo, naquele tempo bem no meio do mato.
Uma casa recém-construída, quase tudo por fazer, e o sentimento de
grandiosidade, perigo, beleza era muito presente e muito excitante. Vovó e eu
trabalhávamos, rezávamos, riamos e ouvíamos rádio. Vovó ia e vinha ajudando a
encher nossos dias de expectativa e animação. Certa manhã costurava as cortinas
de plásticos que iria proteger boxe do chuveiro e precisávamos terminá-las,
pois o vovô iria chegar. Entretanto, o plástico escorregava, escapava e furava
todo, até que propus “Vovó, vamos pôr uma tira de pano e dobrar outra vez” -
acho que vai dar certo. E deu. Vovó parou um pouquinho o que estávamos fazendo
e disse “venha comigo, minha filha”. Fomos ao jardim e, juntas, fizemos um
lindo ramalhete de folhas e flores coloridas e, num gesto de puro amor e
respeito por mim, ela o deu a mim, falando “você é uma menina muito
inteligente, muito corajosa, muito capaz e tudo o que você quiser de verdade,
vai conseguir” - não se esqueça disso. Pusemos o ramalhete num vasinho no meu
quarto e sempre, em sua casa, no meu quarto, havia flores. Como me sentia gente
com a minha vó! No transcorrer da minha vida a cada dificuldade, a cada
desafio, suas palavras ressoam dentro de mim, fazendo-me acreditar que vou dar
conta. A vovó sabia que eu era capaz disto, e ainda hoje e enche de confiança.
Espero ter aprendido com ela a ser avó que ela foi. (Mara Silvia) Seria bom se
olhássemos com mais atenção as pessoas ao nosso redor (nosso companheiro,
companheira, filho, filha ou aquele o qual queremos e sabemos que temos que ajudar).
“Filho também é gente”, e sobre isso devemos pensar muitas vezes. Colocar-nos
no lugar deles, “em seus sapatos” antes de julgá-los. Sermos sempre “juízes”,
em lugar de pais, dificulta muito a organização familiar e nossa aproximação
com eles. Outra coisa para pensar é que os ensinamentos que queremos transmitir
podem parecer ultrapassados. O progresso da tecnologia em ritmo acelerado, a
velocidade da informática, e dos recursos audiovisuais, às vezes criam
obstáculos para nós, em nossa comunicação corriqueira, e para os nossos filhos
na luta pela inserção profissional no mercado de trabalho. Essas coisas
produzem dificuldade que geram medo e insegurança em relação ao futuro, tanto
para os pais como para os filhos. Precisamos aprender a ouvir os questionamentos
e aflições dos jovens em relação ao futuro, tanto para os pais como para os
filhos. (O que é ser adulto? É estar seguro, sem medo, sem problema?) Veja o
outro como gente, como alguém que você quer realmente ajudar e não como aquele
que lhe deve alguma coisa. Escolha no grupo uma meta semanal que faça o outro
sentir respeito por si mesmo. Não podemos nos esquecer de que vivemos um eterno
drama: queremos ser super-heróis, queremos ser deuses, sem perceber, que
podemos passar de pais-heróis a pais-otários. Ser um bom pai, uma boa mãe, é
buscar, na verdade, errar menos. Uma proposta para trabalhar no grupo é que
saímos de nós mesmo e de nosso círculo familiar e ajudemos alguém, lá fora se
sentir gente. O que precisamos fazer para levar alguém a se sentir gente?
Propomos que, no grupo de apoio, como criatividade, disponibilidade e amor, nos
ajudemos a encontrar metas semanais que levem alguém a resgatar sua autoestima.
Enfim, aceitarmo-nos tal como somos, ocuparmos nossos espaços, assumirmos nosso
papel, especialmente, sermos pessoas plenas, cheias de dignidade e de respeito
por nós mesmos e pelos outros, é a proposta do 2º principio. Na reunião, a
partilha, precisa ser conduzida a partir de algumas perguntas referente ao
princípio em questão. Por isso surgiremos:
1. Pra
você, o que é ser gente?
2. Que
tipo de pessoa você é?
3. Como
se identifica nas mais diferentes situações?
4. Você
tem sido autêntico (a) ou esta sempre meio que representando?
5.
Lembra-se de alguma vez em que você se sentiu valorizado (a), sentiu-se gente?
6. Ou, ao
contrario, lembra-se de alguma situação que não se sentiu gente?
7. Você
conhece alguém que não soube ser gente?
8. Você
acredita na importância de cuidar-se e respeitar-se para que o outro te
respeite?
9. Você
abre espaço “demais” para si e acaba sendo mais “gente” do que os outros?
10.
Quando é que você pode levar o outro a se sentir gente de fato? De exemplos.
11. Fale
um pouco sobre a sua auto estima: o que é auto estima?
12. Como
fortalecê-la, em si mesmo?
13. E no
outro, já ajudou alguém a resgatar a sua auto estima?
14. Você
já pensou em desenvolver meios que facilitem a criatividade e a auto estima
para membros da sua comunidade?
15. Gente
erra, gente acerta. Como fazer dos erros alavanca para acertos e realização futura?
Ser gente é ser filho, herdeiro do verdadeiro amor. Ser gente é não ser
perfeito, mas desejar ser santo, errando, aprendendo, querendo acertar. É ter
consciência de nossa humanidade. É entregar-se a Deus, para que Ele comande sua
vida! Numa frase: “Este é o Principio que resgata nossa condição humana”.
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