Júnior acabou de fazer cinco anos e, apesar da pouca idade, é ele quem manda na
casa. A tevê só fica ligada no canal que ele deseja assistir, é ele que
determina o horário que os pais devem dormir e também é ele que escolhe o que
comer. Quando não atendido prontamente em seus desejos, um choro, uma birra e
os pais cedem e assim, a família passa a ser controlada pelo poder infantil.
Todo esse poder transferido aos
pequenos caminha na contramão de uma educação assertiva. São os pais aqueles
que possuem as atribuições de educadores, de orientadores dos filhos e devem
exercer o seu papel ativamente, preparando-os para os desafios que enfrentarão
no decorrer de sua existência.
É bem verdade que no decorrer do tempo,
o mundo se transforma, as pessoas mudam, as famílias se modificam, as relações
entre os seus membros também mudam. Uma educação assertiva exige adequações aos
novos tempos, às novas realidades sem, no entanto, nos prendermos a métodos
antigos e ultrapassados de educação, que não se encaixam mais na educação
moderna e o nosso grande desafio são acompanharmos a mudança de mundo, sem
perdermos a essência de nossas responsabilidades enquanto pais.
Em um passado recente, as crianças não
tinham vez, nem voz. Na casa eram como pessoas invisíveis. Sem direito a
opinar, não eram vistas, nem ouvidas. Nas novas realidades de hoje, os pequenos
têm participação ativa na família e precisam ser ouvidos, precisam ser
respeitados e suas opiniões, levadas em consideração.
Mas, somos nós pais, aqueles que devem
estar no comando. Toda instituição, para um bom funcionamento, precisa de uma
hierarquia estabelecida, com definições claras de papeis. A família também é
uma instituição que precisa de um comando. Como nossos filhos são nossa
responsabilidade, devemos exercer nosso papel ativamente, pois sem uma
referência, as crianças tendem a dominar, de acordo com os seus próprios
interesses.
Na nova realidade haverá momentos de
atendermos aos pedidos dos filhos, assim como haverá momentos de sermos firmes,
não cedendo às pressões e escândalos provocados por eles. Haverá momentos de
negociações, mas haverá momentos que não tem conversa. Toda casa precisa de
regras claras e como pais, devemos estabelecer os limites do aceitável.
As crianças são sujeitos em formação,
que precisam de um guia, precisam de referências, precisam de alguém que
norteiem suas condutas. Elas precisam saber que são pessoas queridas,
respeitadas e amadas, mas precisam entender que elas não são os danos da casa,
elas não são os reizinhos, cujos desejos são todos atendidos imediatamente,
conquistados através de manhas, birras e escândalos. Precisam saber que a casa
é de todos, mas existe um comando e não são elas que possuem este poder.
Texto de Celso Garrefa
Programa AE de Sertãozinho SP
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