sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Dia Nacional do Voluntariado. Celso Garrefa - Voluntário do AEi



Vez em quando, pessoas nos perguntam quanto ganhamos para trabalhar no programa Amor-Exigente e o que ganhamos é tanto, que fico até sem jeito de responder. Ontem mesmo, saí um pouco, aproveitando o belo dia, caminhei pelo centro da cidade, quando uma senhora me abordou. Toda feliz, ela me relatou que o filho completou três anos longe das drogas.

Andei mais um pouco e fui parado por um pai. Ele recordou os períodos em que participou conosco das reuniões do grupo, fez questão de agradecer por tudo que aprendeu e pelo apoio que recebeu. Com um sorriso no rosto, mencionou que o filho está fora das drogas, inclusive voltou a trabalhar e a paz foi restabelecida no lar.

O dia já estava ganho quando, antes de retornar para casa, entrei em um supermercado. Cruzei com uma família inteira que veio falar comigo. O filho, usuário de drogas, terminou o tratamento e segue firme no propósito de manter-se limpo. Fizeram questão de relatar o quanto o apoio do grupo está sendo importante nessa batalha contra a dependência.

Não para por aí. Há poucos dias encontrei uma mãe que havia participado por um longo período das nossas reuniões. Ela relembrou sua participação no grupo e com os olhos marejados confidencio-me, emocionada: “Conhecer o Amor-Exigente foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida”.

Não pensem vocês que estou contanto elogio como ganho ou que buscamos isso em nossos trabalhos. Não é isso. Todos nós voluntários e coordenadores, em nossa grande maioria, também chegamos um dia em busca de apoio e orientação. Conhecemos de perto o drama da dependência química e sentimos na pele o pesadelo de conviver com um adicto dentro de nossas casas e o grupo nos trouxe tantos benefícios que ficamos para auxiliar e apoiar os que estão chegando agora.

Sentimo-nos recompensados em cada caso revertido, em cada jovem cuja dependência das drogas o fez conhecer o fundo mais obscuro do poço e através do grupo, enxergou uma luz, uma possibilidade e se agarrou a ela com vontade e determinação, retomando os rumos de sua vida. Está em cada cidadão, cuja dependência do álcool, devagarzinho, foi tirando-lhe a saúde, o trabalho, os recursos, a dignidade e em muitos casos até mesmo sua família e quando quase ninguém mais acreditava ser possível, ele reuniu suas últimas migalhas de forças e foi à luta, buscou apoio, encontrou no grupo pessoas que acreditaram nele e ele começou a retomar os rumos de sua vida e como recompensa, foi recuperando tudo o que a dependência lhe havia roubado.

Sentimo-nos recompensados por assistir a transformação da família: mães, pais, esposas, etc. que chegam até nós, chorando, com vontade de desistir, quase sem forças para continuar e que através do apoio do grupo, descobrem que não estão sozinhos, que seu caso tem solução e a partir disso, começam a reunir forças para enfrentar o desafio. Testemunhar esses familiares que não encontravam mais motivos para viver, a recuperar as esperanças perdidas e resgatar o sorriso apagado após tanto sofrimento, não tem preço.

Se estão pensando que nosso ganho se limita ao sucesso alcançado pelos nossos semelhantes, também se enganam. É óbvio que trabalhamos e nos dedicamos para isso e isso nos dá forças para continuar, nos enche de alegria, no entanto, a pessoa mais beneficiada pelos nossos esforços, somos nós mesmos. Nós também ganhamos muito em conhecimento, em sabedoria, em vivência e experiência de vida. Cada pessoa que chega até nós, traz consigo uma bagagem de vida e conhecimento capazes de transmitir enriquecimento aos nossos conhecimentos. Se ainda tiverem alguma dúvida, conversem com qualquer pessoa que desenvolve algum trabalho voluntário e rapidamente irão perceber o quanto elas são diferenciadas.

Por fim, ainda colhemos os resultados do nosso trabalho em nosso dia-a-dia, vivenciando o programa em nossas vidas, apoderando-nos dos seus benefícios, construindo uma relação familiar equilibrada e influenciando a educação e formação de nossos filhos. Como recompensa maior de tudo isso, finalizo este texto com um relato de minha filha adolescente a uma de suas professoras - “Agradeço a Deus pelo pai que tenho” – e eu agradeço a Deus,  de  ter conhecido o Programa Amor-Exigente.



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