sábado, 19 de novembro de 2016

11º PRINCÍPIO - 4ª semana. Disciplina: a Sociedade



A AUTORIDADE
Autoridade é o direito de dirigir e mandar. É o direito de alguém ter suas ordens cumpridas e ser obedecido pelos demais. A autoridade é apoiada no poder. O poder é a força por meio da qual se pode obrigar outros a obedecer.
Em dicionários linguísticos, temos: Autoridade é o poder de exigir e receber submissão; o direito de esperar obediência; o direito de mandar e dar decisões finais.
NECESSIDADE DE AUTORIDADE
Temos necessidade de uma autoridade, além da função primordial da liberdade.
Através da autoridade a pessoa alcança a formação adequada da vontade e será ori-entada nos seus julgamentos. Quando criança, a pessoa fica desde o início submetida a constante bombardeio dos impulsos instintivos que criam e multiplicam desejos em todas as direções e que chegam a desorientar a conduta infantil. Apoiando-se na autoridade ela poderá se-lecionar suas vontades, coordenar seus desejos ficando assim menos tumultuada.
OBEDIÊNCIA
Obediência é a concordância com aquilo que é exigido pela autoridade; é a submissão a uma restrição justa. A autoridade, com amor, visa respeitar a liberdade da pessoa, desde criança. Respeitar os comportamentos e as experiências que ela realiza. Há condições em que a obediência deve ser imediata, sem questionar. Quando ela pretende, por exemplo, pre-prevenir os perigos com que a pessoa se defronta. É a obediência operando como condição de preservação da vida do outro, adulto ou criança.
Outra circunstância onde a obediência se impõe sem questionar é na restrição de impulsos anti-sociais. Os impulsos anti-sociais dependem das regras externas, dos poderes governamentais, da cultura, da moral e da condição sócio-econômica do grupo social.
QUALIDADES DA AUTORIDADE
A autoridade deve ser exercida por meio de diálogo e confiança. Com moderação e sem ambivalência nem mensagens contraditórias. Por falta delas, os sentimentos de obediência se abalam, surgindo conflitos com respostas de desobediência e agressividade.
1 - FIRMEZA – Mostra decisão tomada, sem voltar atrás, sem desvios, manipulação, vacilação, medo ou fraqueza.
2 - DELICADEZA – Comunicação respeitosa, calma, sem berros ou ofensas.
3 - RAZOABILIDADE – Justa, compreensível, proporcional, adequada e ponderada.
4 - CONSISTÊNCIA – Mesmos fatos, mesmos critérios. Constância, estabilidade.
EQUÍVOCOS NO USO DA AUTORIDADE
Valores, convenções ou atitudes que não têm condição de autoridade, mas costumam ser confundidas com a autoridade. São costumes que podem e devem ser aprendidos, mas a técnica de aprender e ensinar não está ligada à autoridade, mas sim ao exemplo.
1 – POLIDEZ 2 – MANEIRAS 3 – CONVENÇÕES 4 - RESPEITO
5 – DEVER 6 - RESPONSABILIDADE 7 - DESONESTIDADE
ABUSOS DA AUTORIDADE (Autoridade doente)
1 - SUPER-AUTORIDADE - É o autoritarismo, o exagero da autoridade. Não aceitar o outro tal como ele é. Exigir que ele seja de acordo com suas idéias.
2 - TIRANIA - Aplicação rigorosa, cruel, severa e injusta da autoridade: Dominar, oprimir.
3 - PERMISSIVIDADE - Submissão dos pais às vontades dos filhos, que desde crianças recebem tudo o que desejam e até mais. Super-indulgentes, não limitam excessos.
4 - COMODIDADE - É a negligência, é o não cuidar, não se importar, não querer ver nem sa-ber. Afastar-se de dores, irritações, preocupações, dúvidas e críticas. Em vez de liberdade geram libertinagem, licenciosidade e delinquência juvenil. 
OS PAIS COMO FONTE DE AUTORIDADE
Os pais têm função diferente na autoridade em relação aos filhos; essa função deve se completar. Se um dos pais tenta suprir o que acha que está errado nas atitudes do outro, criam-se conflitos de autoridade para os filhos - razão de sofrimento.
A mãe é para o filho o guia, o modelo de amor, de confiança, de segurança, da satis-fação de necessidades e de experiências prazerosas. É através dela que ele recebe o mundo e as normas de comportamento. Assim criança aprende que a autoridade é ministrada com amor. A importância direta do pai começaria na fase de individualização do filho. Deveria a-presentá-Io ao mundo exterior à casa, à responsabilidade, às experiências da realidade exteri-or, ajudando a criança a ser livre diante das diversas autoridades da vida real.
As identificações com a feminilidade da mãe e com a masculinidade do pai são os componentes do desenvolvimento da personalidade, importantes para a educação da liberdade, da moralidade, da aceitação da autoridade, dos diferentes, do orgulho pessoal, da admiração, da gratidão, do respeito, da integridade e do seu ajustamento à sociedade. A falta de algumas destas condições reverterá em prejuízo aos filhos no desenvolvimento da personalidade.
A D I S C I P L I N A
A Disciplina é a técnica através da qual atingimos a autoridade e a liberdade. É a téc-nica da obediência. A disciplina prepara a pessoa para se conduzir com obediência voluntária às normas do grupo social. Toda sociedade livre é construída sobre regras. Nem sempre estão inscritas em documentos legais. São os costumes auto-impostos, os princípios morais desenvolvidos num período de séculos, que permitem a vida social numa sociedade livre e agradável. O treino para absorção destas qualidades se dá através de exemplo e orientação; a principal função da disciplina é o ensino para aceitar facilmente restrições necessárias ao desenvolvimento da autoridade e liberdade sadias.
PROBLEMAS NA APLICAÇÃO DA DISCIPLINA
1 - ESPERAR OBEDIÊNCIA IMPLÍCITA - Esperar que uma ordem dada seja entendida em todos seus significados implícitos, que seja percebida toda uma série de outras obediências que dela decorrem por lógica. É erro de técnica. Deve-se ser explícito no uso da disciplina, especialmente com crianças, adolescentes e pessoas ainda incapazes de generalizar. Não deixar o adolescente dirigir seu carro não é o mesmo que “proibir que ele dirija” qualquer carro.
2 - RESTRIÇÕES EM DEMASIA – Informar um limite por vez, de forma simples e clara. Confirmar que foi bem entendido. Quando estiver sendo praticado, daí informar outro limite. Planejar. Não utilizar excesso de argumentos e explicações, pois confundem o entendi-mento do que se quer transmitir. Só argumentar em resposta a questionamentos.
3 - EXIGÊNCIAS DESMESURADAS E ACIMA DA COMPREENSAO - A técnica de disciplina deve estar de acordo com o pensamento lógico e capacidade de julgamento da pessoa: deve estar coerente com a compreensão, não deve ser absurda e nem ridícula. Obrigar uma criança pequena a “manter promessas” ou fazer um púbere, cheio de energia, “compreender” que deve deitar cedo porque faz bem à saúde são situações impossíveis de serem mantidas ou compreendidas.
4 - DEMANDAS IMPREVISÍVEIS - Aplicar a técnica de disciplina uma hora com os dedos e em outra hora com alicates. Hoje, com pinças de precisão, amanhã com ponta-pés. Não deixar que problemas do dia-a-dia influenciem o humor, a paciência e a delicadeza no trato da disciplina. Os outros não vão entender a autoridade e sentirão isso como agressões e tratamento injusto. Gera rebeldia.
5 - PERMISSIBILIDADE EXAGERADA – Autoridades tolerantes demais chegam a autorizar muitas coisas, de forma exagerada, e depois não podem retirar as permissões dadas. 
A  coerência das permissões deve ser planejada e equacionada levando em conta as capacidades e percepções individuais sobre riscos e responsabilidades, os ciclos (fases) de a-madurecimento de cada um, concedendo as permissões conforme o merecimento e habilitação.
6 - FALTA DE SENSO DE AUTORIDADE – Pessoas desprovidas deste senso não apreciam a autoridade, brincam com ela. São os imaturos, desacostumados ainda a se submeter às leis e às autoridades, até mesmo de seus pais. Sentem que algo de errado acontece com sua autoridade, não são levados a sério, nem são sérios para consigo. Falta-lhes o bom senso. Aceitam opiniões até mesmo opostas.Tem dúvidas se devem usar de autoridade com seus filhos.
7 - PADRÕES FAMILIARES DIFERENTES DEMAIS – Pais oriundos de culturas ou de filoso-fias de vida familiares ou de padrões econômicos muito diferentes, geram incompreensões entre o casal quanto à disciplina. Exigências diferentes sobre o mesmo assunto impedem os filhos de “acertar com os dois pais”, geram manipulação, sentimentos de culpa e rebel-dia. Outro caso é o de autoridades perfeccionistas que impõe modos de conduta originais, excêntricos, impedindo que seus comandados façam o que é considerado normal para a época ou pela maioria do grupo familiar, profissional ou social. Ou que exigem grau de perfeição inalcançável ou qualidade onde não é possível.
QUALIDADES DA DISCIPLINA
1 - NÃO VISAR OBEDIÊNCIA CEGA - A obediência tem que ter limites estabelecidos pelas próprias fases de desenvolvimento da pessoa. A autoridade tem que aceitar as falhas que os outros possam apresentar sem, com isto, se sentir desafiada ou ofendida.
2 - NÃO SER VINGATIVA - Ressentimentos podem levar a autoridade a procurar uma desforra. Deve-se sentir, na disciplina, indenização e recompensa.
3 - SER EMOCIONALMENTE ACEITÁVEL – Deve haver concordância emocional com a disciplina. Esta aceitação depende da cultura e da época.
4 - EVITAR RIDÍCULOS E SARCASMOS – Comparações e zombarias são humilhantes.
5 - FUGIR DO "CERTO E ERRADO" – Avaliar objetivamente encima do “aqui” e do “agora” considerando que possa ser adequado, saudável, lícito, justo, possível e ético.
6 - FUGIR DO "SEMPRE E NUNCA" - A disciplina é a do momento, ela não tem passado nem futuro, ela realiza a história em si mesma. “Tu sempre faz. . .” “Você nunca faz . . .”
7 - FACILIDADE EM "DAR E TOMAR" – Disciplina exige clima de calma e serenidade. Dar com facilidade privilégios, concessões, indenizações e recompensas, e, da mesma maneira, tomar. Antes, porém, cuidar de ter dado; somente depois é que se pode tirar.

TÉCNICAS DA DISCIPLINA EFICAZ

1 - PRECISÃO - Ser objetiva no que quer alcançar, exata e clara nos detalhes.
2 - CONSISTÊNCIA - Para situações iguais a disciplina deve ser a mesma.
3 - EXEMPLO - A autoridade deve ser modelo daquilo que quer que os outros façam.
4 - PRECEITOS - Normas e regras devem ser conhecidos de todos antes da sua exigência.
5 - RECOMPENSA - É básica. A aprovação traz retenção e repetição do aprendizado.
6 - CASTIGOS - Só utilizar na falha total da disciplina. A regra é não ter que castigar.

7 - TÉCNICAS PARA ADOLESCENTES 

(Fonte: Cláudio N. Lugo e Arlete C. Lugo baseado nos cursos, palestras e bibliografia oficiais da FEAE mais as fontes citadas. A P A E X Ass.Portoalegrense de Amor-Exigente)
 

2 comentários:

  1. Bom dia. É tudo que precisamos aplicar na família e na escola.
    Janice.

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  2. Uma boa instrução e orientação.

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